15 de maio de 2012

SENTADO NO MEU SOFÁ


Sentado no meu sofá estou a lembrar-me do centenário da criação da freguesia da Gafanha da Nazaré. Isto trouxe-me à ideia artigos que escrevi chamando a atenção para os limites da freguesia. Ao comemorarmos esta data, não podemos deixar de pensar e homenagear os Homens desta terra que participaram com as autoridades administrativas na delimitação da freguesia; mas que tipo de homenagem poderemos nós prestar se menosprezámos aquilo por que lutaram, acreditaram e concretizaram?
Todavia, já se homenageou o Sr. Prior Sardo, o qual, na sua qualidade de pároco da freguesia da Gafanha, juntamente com os senhores Samuel Tavares Maia, administrador do concelho de Ílhavo, Augusto do Carmo Cardoso Figueira, escrivão, P.e Manuel Branco de Lemos, pároco da freguesia de Ílhavo, Eduardo Craveiro presidente da comissão municipal administrativa, José Ferreira de Oliveira presidente da comissão paroquial da Gafanha e João dos Santos Patoilo, presidente da comissão da freguesia de Ílhavo, delimitaram a recém criada freguesia em cumprimento do ofício n.º 430 de 12 de Abril de 1911 do Excelentíssimo Governador Civil.
Os limites ficaram bem claros e nunca ofereceram qualquer dúvida a quem quer que fosse, e nunca foram postos em causa, desde as freguesias limítrofes (as directamente interessadas), às autoridades concelhias, distritais ou mesmo nacionais.
Porém, numa cambalhota que ninguém entendeu, os limites foram adulterados com grande prejuízo para a freguesia que viu a sua área drasticamente reduzida, sem que houvesse qualquer atitude de repúdio por tal vandalismo pelas autoridades locais, por pura subserviência partidária, pois que tal acção não poderia ser acatada se razões “mais altas” se não se tivessem levantado: PURO SERVILISMO POLÍTICO e o mais completo desrespeito pelos cidadãos que deram o seu voto de confiança a quem os representasse, passando com todo o despudor por cima do que havia sido determinado pelos respeitáveis cidadãos que nas funções que desempenhavam, foram encarregados te tal demarcação.
Será, que lá no assento etéreo onde repousam, ficarão satisfeitos com esta pretensa homenagem que deveria ser de gratidão e reconhecimento pelo trabalho realizado?
E é com amargura que constato que as coisas se irão manter tal como estão, pois o bairrismo e o amor pela terra que nos viu nascer, ou nos adoptou e nos tratou como se seus filhos naturais fôssemos, de há muito que se perdeu. Todavia, tenho esperança que um dia a história julgue e justiça seja feita. A impunidade não pode ser eterna. Sempre ouvi dizer que “ a justiça pode tardar, mas não falha”. Oxalá assim seja.
Veio-me à mão um tríptico – “Gafanha da Nazaré 100 Anos / 1910-2010” –, sobre as comemorações que na última página têm um lapso que urge emendar se querem ser realistas e objectivos: onde referem no último parágrafo ”... continuando a Gafanha da Nazaré a crescer até aos dias de hoje, para bem das suas gentes e, também, de todo o Município de Ílhavo” deverá ser corrigido para “... começando a Gafanha da Nazaré a DIMINUIR até aos dias de hoje, não para bem das suas gentes, mas da freguesia que constitui a sede do Município” e assim retratariam a actual situação.

Manuel Óscar da Rocha Fernandes







3 comentários:

  1. Leopoldo Manuel Oliveira16 de maio de 2012 às 15:27

    Os meus parabéns pelo artigo, embora não concorde inteiramente com ele.A minha discordância assenta principalmente no penúltimo parágrafo, onde o Sr.constata que"as coisas se irão manter tal como estão". Só se os Gafanhões cruzarem os braços e deixarem que os continuem a roubar impunemente. O nosso bairrismo e o amor a esta Terra, não se perderam. Está é na hora de se manifestarem, e um povo habituado a lutar contra tudo e contra todos ( não enfrentamos o mar e toda a espècie de intempéries?) não vai deixar que o continuem a humilhar.Nada nos fará vergar, perante um roubo tão descarado.
    Força Gafanhões.
    Leopoldo Manuel Oliveira

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  2. Eu adoro pessoas frontais e honestamente informadas; que expressam as suas opiniões alicerçadas em documentos que existem, mas que por interesses ilegítimos, não aparecem à luz do dia!...
    Parabéns Capitão Óscar: - O seu artigo é um documento que deveria fazer corar de vergonha certa canalhada que vive da política e para a política!!!

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